É o caso da Kope (Knowledge From People – conhecimento para as pessoas, em português). O sócio-diretor da empresa, Rafael Valim, é advogado e jurista e sempre esteve envolvido com o meio acadêmico. A plataforma oferece cursos em várias áreas das ciências humanas como história, direito, ciência política, economia e até música, com professores como Silvio Almeida e Luiza Trajano. O plano anual da plataforma, com cursos certificados, é de R$ 35 por mês.
“Um diferencial nosso é cobrar um valor muito acessível e oferecer o que há de melhor na intelectualidade, não é aquilo de pagar barato e não ter entrega nenhuma. Temos um plano ambicioso de verticalização de oferecer não só esses cursos de formação gerais, mas outros como pré-vestibular e até mesmo ensino superior”, explicou.
Formação continuada como tendência
Outra instituição educacional que investiu nesse modelo de negócio foi a Saint Paul. Escola consagrada nos ramos financeiros, administração e tecnologia, criou o Lit, plataforma de educação virtual, e está oferecendo sua gama completa de cursos à distância, também com certificados, por R$99 por mês.
A CRO da escola, Camila Securato, reforçou que mais de 150 mil alunos já passaram pela plataforma desde fevereiro de 2018. Ela é focada na chamada aprendizagem de longa duração, onde os profissionais procuram cada vez mais se especializar na sua área de atuação.
“Nossa metodologia, o Onlearning, usa inteligência artificial para potencializar a aprendizagem dos alunos para que eles aprendam melhor, mais rápido e de uma forma democrática. Temos um portfólio completo de programas que preparam profissionais para todos os momentos de sua carreira, baseada nos pilares de lifelong learning”, contou.
A tendência do crescimento da educação à distância no país é observada desde antes da pandemia.
Segundo o Censo da Educação Superior de 2019 do Ministério da Educação (MEC), 50,7% dos alunos que ingressaram no Ensino Superior privado em 2019 haviam optado por cursos à distância.
Para Valim, a discussão do ensino presencial ou à distância não deve ser feita de maneira maniqueísta e que a modalidade não-presencial pode ser útil para uma maior massificação da educação.
“Não dá para ter aula para 30 alunos eternamente, a ideia é ter pessoas de lugares mais distantes que possam ter a possibilidade de aprender com o que há de mais sofisticado. O que procuramos é não menosprezar o nosso público e acreditar na possibilidade dessas pessoas aprenderem. Acredito que as vantagens dessa modalidade superam as dificuldades”, disse.
Com a facilidade de plataformas de educação na casa dos brasileiros, uma pergunta que fica é: será possível competir com o entretenimento oferecido pela maioria das plataformas de streaming? Camila acredita que essa resposta não é tão simples e que passa pela escolha do estudante.
“As plataformas de educação competem pelo ‘share of time’ das pessoas. Por exemplo, se você tem quatro horas livres em um dia de semana e escolhe aprender no Lit por duas horas, vai deixar de assistir, ou assistir menos Netflix. Mas ela não compete no sentido de objetivo e, se a pessoa estiver procurando descansar e relaxar, a plataforma de streaming de entretenimento será a escolha mais natural, pois para o processo de aprendizagem é necessário usar mais energia e concentração”, encerrou.