Em um dos maiores processos criminais do país, a Justiça de São José do Rio Preto condenou, de uma única vez, 107 pessoas denunciadas pelo Ministério Público por tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro.
Essa enorme organização criminosa foi desbaratada na Operação Desmonte, realizada em 2004, quando dezenas de pessoas foram presas.
Entre os condenados estão quatro líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa que atua dentro e fora dos presídios de São Paulo: Anísio Pedro Gonçalves, o Anisião, Jair Carlos de Oliveira, o Jajá, e Marcos Roberto Cicone, o Magrelo, condenados a 104 anos de reclusão cada um, e Edson José da Costa, o Edinho, cuja pena foi de 86 anos e oito meses de reclusão.
A investigação da quadrilha, feita em conjunto pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público e Polícias Civil e Militar, resultou em um processo de 109 volumes e 29, 2 mil páginas.
Foram denunciados 135 réus, dos quais 107 foram condenados a penas que variam de três a 104 anos de prisão. As alegações finais dos promotores consumiram 615 páginas do processo e a sentença da justiça, proferida na última quinta-feira, dia 18, foi escrita em 222 páginas.
Entre os denunciados, 54 foram condenados a 4 anos de prisão; 33 foram condenados a 5 anos, 6 a 11 anos, 6 a três anos, 2 a 16 anos, 2 a 6 anos, e um a 20 anos de prisão, além dos 3 condenados a 104 anos e de um a 86 anos e oito meses. A soma de todas as penas supera 900 anos.
As maiores penas foram aplicadas aos líderes da organização: Anisião, à época preso na penitenciária de Valparaíso; Magrelo e Jajá, que cumpriam pena em Mirandópolis; e Edinho, que também estava preso quando a operação foi deflagrada.
De dentro dos presídios eles comandavam o tráfico de drogas em São José do Rio Preto, no interior de SP e região, juntamente com Maurício Ermelindo Pansani, o Gordão, e Mário Sérgio Costa, o Esquerda, que morreram durante o curso do processo.
Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça revelaram que a organização era dividida em quatro grupos, cada um responsável pelo abastecimento de drogas – principalmente cocaína e maconha – em determinada região de Rio Preto e municípios vizinhos.
A quadrilha começou a ser formada no final dos anos 80 e fortificou-se nos anos 90. Uma das “leis” da quadrilha era a execução sumária de quem não quitava as dívidas de drogas assumidas com o grupo.
A Operação Desmonte, realizada em agosto de 2004, cumpriu dezenas de mandados de prisão e de busca e apreensão e levou dezenas de pessoas simultaneamente para a cadeia.
As provas recolhidas mostraram que a organização criminosa, além de fazer o tráfico de drogas, realizava a lavagem do dinheiro obtido ilicitamente por meio de operações envolvendo estacionamentos que faziam a compra e venda de veículos.
O acórdão transitou em julgado e agora estão dando cumprimento aos mandados de prisão. A maioria dos alvos já se encontram presos há décadas. Agora foram expedidos mandados de prisão de apenas alguns que estavam recorrendo da sentença.