As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte, segundo o último relatório do Global Burden of Disease (GBD), publicado em dezembro passado no Journal of the American College of Cardiology. Para ampliar o acesso a informações e aumentar o conhecimento geral sobre os fatores de risco, prevenção e tratamento, desde 2000 a Federação Mundial do Coração e a Organização das Nações Unidas (ONU) realizam a campanha “Setembro Vermelho”, em homenagem ao Dia Mundial do Coração (29 de setembro).
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV), o Brasil é o segundo país do mundo em número de cirurgias cardíacas realizadas anualmente, totalizando cerca de 102 mil. O Brasil só fica atrás dos Estados Unidos, que dominam o ranking com 300 mil cirurgias por ano.
Há dois meses, o professor da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp) Dr. Kazuo Nagamine se recupera de uma cirurgia cardíaca realizada no Hospital de Base de Rio Preto. Em abril deste ano, aos 72 anos de idade, sendo 66 anos dedicados às artes marciais, ele sofreu uma síncope, foi socorrido às pressas e permaneceu três dias internado na UTI. “Os médicos entenderam que a correção deveria ser cirúrgica. A ablação cirúrgica aconteceu em julho, com troca de anel da válvula mitral”, afirma Dr Kazuo, especializado em fisiologia cardiovascular e medicina do esporte.
Somente o Hospital de Base realiza cerca de 40 cirurgias cardíacas de grande porte por mês, sendo que pelo menos 60% desses procedimentos são de revascularização do miocárdio, popularmente conhecido como ponte de safena. “A ponte de safena é uma cirurgia cardíaca que desobstrui as artérias coronárias do coração, permitindo que o sangue chegue ao músculo cardíaco”, explica Dr. Carlos Alberto dos Santos, cirurgião cardíaco do HB.
O especialista explica que as artérias coronárias são vasos sanguíneos responsáveis por fornecer sangue rico em oxigênio ao coração, garantindo sua funcionalidade e bem-estar. “As obstruções nessas estruturas podem levar a uma série de problemas cardíacos, incluindo angina, infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca. Nesse sentido, a cirurgia de revascularização miocárdica é eficiente porque pode utilizar a artéria mamária, a veia safena ou, em alguns casos, a artéria radial, localizada no braço”, diz o cirurgião.
“Nesta técnica, utilizamos enxertos do corpo do próprio paciente, criando rotas alternativas para a circulação sanguínea em caso de obstrução das artérias coronárias. A ‘ponte’ é estabelecida por meio da safena, que, durante a cirurgia, é realocada ligando a artéria aorta às artérias coronárias”, esclarece. “A ponte por meio da artéria mamária é chamada de ‘Enxerto Padrão Ouro’ porque apresenta o melhor resultado”, destaca Dr. Carlos Alberto dos Santos.
Além disso, o Hospital de Base realiza mensalmente cerca de 40 cirurgias de médio e pequeno porte, como implante de marcapasso, que é um aparelho eletrônico que emite estímulos elétricos para controlar e estimular o ritmo cardíaco. Mais de 500 mil pessoas em todo o Brasil usam o marcapasso. Além de ser indicado para pacientes com bradicardia (ritmo cardíaco irregular ou lento), o dispositivo também beneficia pessoas com taquiarritmias (cardiodesfribilador), que são arritmias mais graves.
O cirurgião cardíaco do Hospital de Base observa que as doenças cardiovasculares são um desafio persistente que leva a um número enorme de mortes prematuras e evitáveis, já que a mudança no estilo de vida e a adoção de hábitos saudáveis contribui para a saúde do coração.
A doença isquêmica do coração (infarto do miocárdio) é a mais mortal entre todas as doenças cardiovasculares no Brasil e no mundo. A cada grupo de 100 mil habitantes, em média, 75 pessoas morrem por infarto, 58 por doenças cerebrovasculares e 13,4 mil por cardiopatia hipertensiva. A cardiomiopatia e a miocardite, somadas as doenças cardiovasculares circulatórias, fecham o grupo das cinco doenças cardiovasculares que respondem pelo maior número de óbitos no país.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Foto: Divulgação/Hospital de Base