No reino animal, a sobrevivência é uma arte, e algumas espécies elevam essa arte a um nível surpreendente. Entre elas, destacam-se lagartas que desenvolveram um elaborado disfarce, imitando serpentes peçonhentas para afastar predadores.
A lagarta da mariposa Hemeroplanes triptolemus, encontrada no Brasil e em outros países da América Latina, exibe uma impressionante semelhança com a jararaca da Mata Atlântica. Essa habilidade de mimetismo, onde um animal se assemelha a outro, é uma estratégia crucial para sua defesa. Durante a noite, período em que se alimenta de folhas, a lagarta se pendura em galhos, inclinando e movendo a cabeça de um lado para o outro, simulando os movimentos de uma cobra. Ao exibir o ventre marrom com padrões de serpente, ela consegue enganar e afastar predadores como pássaros, insetos e pequenos mamíferos.
A cabeça da lagarta, embora pequena, expande-se quando ameaçada, intensificando a semelhança com uma serpente. Manchas escuras na cabeça simulam olhos, e desenhos imitam as fossetas loreais, órgãos sensoriais presentes nas víboras.
Outra mestre do disfarce é a lagarta Eumorpha labruscae, também nativa da América Latina. Com sua coloração marrom e preta, essa lagarta esconde a cabeça no tórax quando se sente em perigo, expandindo a região para simular uma cabeça de cobra. Além disso, ela consegue contrair a musculatura da falsa cabeça, simulando um piscar de olhos, uma técnica curiosa, considerando que serpentes não possuem pálpebras móveis.
A fase de lagarta é crucial no ciclo de vida de mariposas e borboletas, um período de intensa alimentação para suportar a metamorfose. Para sobreviver, essas lagartas recorrem a diversas estratégias, incluindo o mimetismo. Algumas possuem veneno, outras se camuflam, e há até as que estabelecem relações de cooperação com formigas, as chamadas lagartas mirmecófilas, que liberam substâncias químicas para serem reconhecidas como “amigas”.
Fonte: www.agenciasp.sp.gov.br