Familiares de vítimas da Operação Contenção, realizada no início da semana nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, estão deixando o Instituto Médico Legal (IML) com os corpos de seus entes queridos. Até ontem, a Polícia Civil informou que restavam apenas oito corpos para serem identificados.
O sentimento entre os familiares é de alívio pelo fim da busca, mas também de indignação diante da tragédia. Karine Beatriz, grávida, esteve no IML para reconhecer o corpo de seu esposo, Wagner Nunes Santana, após três dias de busca. Ele foi encontrado em um lago na Serra da Misericórdia, na Penha. “Após três dias de buscas consegui localizar o corpo, mas alívio eu só vou ter com repostas”, desabafou, questionando a letalidade das operações no Rio.
Karine afirmou que, apesar de qualquer envolvimento com o crime, Wagner era um pai de família, trabalhador e responsável pelo sustento da casa. Segundo ela, o corpo de Wagner foi retirado do lago com um tiro na testa, em circunstâncias não esclarecidas pela polícia. Ela também denunciou execuções durante a operação.
De acordo com o último balanço, 99 pessoas foram identificadas pelo IML em decorrência da Operação Contenção. Deste total, 42 tinham mandados de prisão pendentes e 78 tinham envolvimento com o crime. Treze eram de outros estados.
O governo do Estado justificou a operação como uma medida para conter a expansão do Comando Vermelho, alegando que as investigações indicavam que integrantes do grupo recebiam treinamento em armamento, tiro e táticas de combate nas áreas visadas. Além disso, o fluxo de caixa da facção nessas áreas movimentava cerca de 10 toneladas de drogas por mês, servindo como polos de abastecimento para outras comunidades controladas pelo grupo.
O governador Cláudio Castro defendeu a ação, afirmando que o trabalho de investigação e inteligência foi adequado, identificando indivíduos perigosos com histórico criminal. Ele também destacou a importância da integração com outros estados e prometeu entregar relatórios completos às autoridades competentes.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
